terça-feira, 8 de março de 2011

todo o amor

que eu sufoquei por excesso de razão agora grita , escapa , transborda. estou só numa multidão de amores , assim como milhões de pessoas. demonstro minha fragilidade , meu desamparo. eu não procuro alguém pra pertencer e ter posse , só quero uma fonte segura de amor que não dependa das obrigações , das falas decoradas , dos scripts prontos. eu sei que eu abri mão de várias oportunidades. sei que fiz pouco caso do amor que me entregaram de maneira pura e gratuita. se as pessoas estão sempre indo e vindo , eu só queria alguém minimamente eterno em sua duração , que me fizesse parar de achar normal essa história de perder as pessoas pela vida.
vou embora querendo alguém que me diga pra ficar. estou sempre de partida , malas feitas , portas trancadas , chave em punho. no fundo eu quero dizer "me impede de ir. fica parado na minha frente e fala que eu tenho lugar por aqui , que não preciso abandonar tudo cada vez que a solidão me derruba. me ajuda a levar a vida menos a sério , porque é só vida , afinal." e acabo calada , porque não faz sentido dizer tudo isso sem ter pra quem.
eu não quero viver como se sobrevivesse a cada dia que passo sozinha. não quero andar como se procurasse meu complemento em cada olhar vago. eu acho que mereço mais que isso por tudo o que eu sei que posso fazer por alguém. e fico só esperando , na surpresa do dia que eu desencanar de esperar , um par de olhos que me faça ficar sem nenhuma palavra. nessa multidão de amores , sozinho é aquele que não espera.